segunda-feira, 3 de abril de 2017

Biblioterapia no Barreiro




















Quando o homem primitivo caçava, com o intuito de garantir a sua sobrevivência, os seus métodos eram baseados em respostas herdadas pelos seus ancestrais ou pelo seu próprio instinto. O comportamento adquirido através do processo da comunicação era quase nenhum, pois os grupos não sentiam falta desse tipo de comunicação. À medida que as transformações foram ocorrendo e a capacidade cerebral dos primitivos se foi desenvolvendo, tornou-se necessário que novos instrumentos, auxiliares ao processo de comunicação humana, fossem desenvolvidos.
Muito tempo depois, o homem passou a adotar grunhidos, muita gesticulação e alguns outros sinais para se comunicar. Os sinais foram apreendidos pelos grupos, compartilhados por todos, dando-lhes o sentido de participação, pois já sentiam a necessidade de se comunicar, no entanto, precisavam de um método de comunicação que desse às futuras gerações mecanismos capazes de indicar como havia sido o processo de comunicação de seus ancestrais, ou seja, necessitavam descobrir uma forma de registar os símbolos e os sinais usados.
Milhares de anos depois a necessidade de comunicar já não era apenas como troca de informação, mas sim de interiorizar os conhecimentos e de transmiti-los. Sabe-se que a civilização suméria foi a primeira a usar a escrita, no entanto, eram somente os sacerdotes que detinham o domínio das técnicas de escrever. Logo depois vieram os egípcios, que foram os inovadores do sistema hieróglifos, um sistema de símbolos. No início, eram gravados em pedras, e, com o tempo, foram pintados e desenhados com grande habilidade. Cada desenho tinha um significado a ser descoberto, cada símbolo uma ideia, coisa ou conceito. Para se descobrir o que significava cada mensagem, tinha que se ter conhecimentos de um enorme número de símbolos. Em princípio, os que obtinham tal conhecimento restringiam-se aos grandes especialistas. Os antigos escribas estudavam durante muito tempo para poderem dominar tais informações. Com isso, passaram a exercer um poder quase absoluto.
Nos tempos mais atuais, é necessário adquirir uma capacidade de "re-interpretar" a comunicação que vem de dentro para fora. Observar a importância do que transmitimos e como transmitimos leva-nos a pensar que a leitura tem um papel fundamental neste processo, para além de agregar esses conhecimentos. O leitor pode ter a capacidade de transportar as suas emoções nos textos envolvendo-se emocionalmente no universo imaginário, identificando-se com o personagem na resposta das suas questões.
Com a evolução e prática da leitura, o leitor que vai projetar-se, evadir-se, reconhecer-se, aproximar-se ou afastar-se das personagens e das situações apresentadas, utilizando-as para sentir, refletir e repensar as suas próprias vivências.

O processo biblioterapêutico inclui, portanto, as seguintes fases:
Identificação — A identificação com as personagens permite ao leitor compreender os seus próprios conflitos, através dos conflitos vividos pelas personagens literárias, de um modo seguro e indolor;
Catarse — O leitor acompanha o personagem num desafio ou situação complexa que posteriormente se resolve;
Discernimento — É aplicada a experiência da personagem à experiência de cada pessoa;
Universalização — Fase experimentada sobretudo por crianças e jovens, ao estabelecer-se uma ligação entre o que aconteceu no livro e as suas vidas. Colocam-se no lugar dos outros e compreendem que outras pessoas vivem desafios semelhantes.
Através dos livros, o leitor ou um conjunto de leitores — no seio de uma empresa por exemplo — pode aplicar o que leu na sua própria vida ou na vida de uma instituição.
A mudança para melhor é o objetivo primordial da Biblioterapia.
(Fonte: Revista Eletrónica: Caderno dos Bibliotecários, Arquivista e Documentalistas - Ed: 03/2013

Mais informações:
http://desateosnos.blogspot.pt/

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