sábado, 20 de março de 2010

CONFLITO E MECANISMOS DE DEFESA DO EGO.

Frustração
Na linguagem corrente: sentimento produzido por uma contrariedade. 
Em psicologia: estado emocional desagradável que advém do facto de não se conseguir o que se deseja e sobre o qual, frequentemente, se tinham expectativas positivas. 

Efeitos da frustração no psiquismo e comportamento do sujeito: Intensidade e natureza da  motivação; Dependem Natureza do objecto frustrante; Personalidade do indivíduo.

BARREIRA QUE IMPEDE O SUJEITO ALCANÇAR O QUE DESEJA
A tolerância à frustração (capacidade de suportar a frustração) depende de vários factores:. Idade. Frequência das frustrações. 

Aprendizagem MOTIVAÇÕES FRUSTRAÇÕES ANGÚSTIA 
Conforme a intensidade das frustrações e o grau de adaptação do sujeito, existem:. Frustrações normais. Frustrações patológicas.


Teste de Rosenzweig.

Em que consiste? Face a uma situação frustrante representada graficamente, o sujeito constrói uma resposta.

O tipo de resposta dada fornece indicadores para melhor compreender a personalidade do sujeito.

Exemplo1: Sinto muito! Sujei a sua roupa, embora fizesse tudo para o evitar Que horror! Quebrou o vaso favorito da minha mãe.

Nota: As chamadas em branco são destinadas a serem preenchidas pela pessoa a quem este teste está a ser aplicado.

 

Exemplo 2:


Conflito -  Definição: oposição de forças com intensidade semelhante. 

Surge quando os motivos são incompatíveis.

Tipos de conflitos - Quanto aos objectos. 

Conflito aproximação/afastamento

Quanto aos papéis que o sujeito desempenha.
Conflito interpapéis.

Tipos de Frustração e tipos de obstáculos
Tipos de Frustração
Frustração Primária 
Ex: Ausência de alimentos para um indivíduo esfomeado Obstáculo PassivoActivo
Frustração Secundária Provocada por um obstáculo no caminho que leva ao objecto do comportamento motivado

Obstáculos Passivos Externos – Espaço físico Internos – Incapacidade física Obstáculos Activos Externos – Espaço físico, não intransponível Internos – Pulsão oposta à inicial do mesmo objecto e no mesmo indivíduo Os conflitos surgem em situações de obstáculos activos

Reacções à frustração
Em Psicologia Animal 
Estudos feitos sobre o efeito da frustração no animal, destacam- se três grupos que ressaltam os aspectos fundamentais comuns ao animal e ao Homem.
1) Agressão reaccional e deslocamento da agressão :
A agressão é, a par da fuga, o modo mais frequente de reacção à frustração. 
O estudo nos animais destas reacções é muito importante porque oferecem meios de experimentação para os medicamentos de acção psicotrópica – capazes de suprimir a agressividade racional).

2) Frustração e rigidez do comportamento:
Quando, após frustração repetidas, o indivíduo adoptou um tipo de comportamento racional, bem adaptado à situação frustrante, ele tende a usar esse comportamento de forma rígida face a outras situações, mesmo que seja inadaptada. Esta fenómeno explica muitos comportamentos humanos patológicos e pode ser demonstrado no animal.

3) Influência das frustrações da juventude sobre o comportamento posterior A influência da situação frustrante ultrapassa o período em que está presente. As frustrações que surgem na juventude têm, em particular, um efeito que dura toda a vida da criança

Caracteriza-se por provocar uma reacção rápida e precipitada e por determinar as reacções à frustração no adulto, de acordo com o estilo de reacção em criança. Dependem da personalidade da criança e da natureza/intensidade das frustrações
Tipos de reacções imediatas Dependem da personalidade da criança e da natureza/intensidade das frustrações. Cólera. Agressão. Hipersensibilidade. Dependência. Egoísmo.

Em Medicina um exemplo: enurese (regressão e agressão).
Tem origem no seio familiar e no comportamento social: relaciona-se com o tipo de disciplina que a criança recebe e com o tipo de sanções recebidas. 

À medida que a criança cresce, a intensidade e a frequência das reacções diminui, graças à sua maturação, a qual leva ao aumento da tolerância e de educação. 

Enorme influência no comportamento do adulto » estudado pela escola psicanalítica.
No adulto - 
O adulto reage como a criança, mas menos frequentemente, evidentemente e imediatamente. Determinada pelo conjunto e combinação do tipo da personalidade e do tipo e intensidade da frustração.
Ganha profundidade determinada pelo conjunto e combinação do tipo da personalidade e do tipo e intensidade da frustração patologia em indivíduos predispostos

Teoria agressão – frustração (Freud):
 - autoagressão é resultado de uma volta da agressão contra o próprio indivíduo, sob a crença do castigo que provocaria a heteroagressão. 

Formulação moderna: Frustração tende a provocar uma agressão directa contra o que o origina o acto agressivo pode ser inibido. Pode existir modificação do objecto da agressão (transferência) e da forma de agressão é uma catarse que reduz a iniciação a novas agressões. Freu foi o  primeiro a definir a agressão como uma “reacção primordial” ao bloqueio do comportamento motivado, contra o objecto agente de frustração – pode ser contra si mesmo.

Conflito e Frustração na Teoria Psicanalítica do Desenvolvimento e da Motivação

Princípios da Teoria Psicanalítica no desenvolvimento do Homem sob o ponto de vista afectivoCompreensão do comportamento Humano requer análise dos fenómenos psíquicos.
Motivações inconscientes e vivências emocionais infantis com papel preponderante na estruturação da personalidade do adulto na constituição do aparelho psíquico em três instâncias: Id  - Ego -  Superego
01 - Id: Instância mais primária, constituída por pulsões inatas e por conteúdos, como os desejos, que são posteriormente recalcados. As pulsões procuram o prazer e uma satisfação imediata prazer. O Id não é regido por preocupações lógicas, temporais ou espaciais. É amoral, impulsiona e pressiona o ego e a sua actividade é insconsciente.
A vida em sociedade impossibilita a busca narcísica do prazer, devido à indisponibilidade do objecto necessário à libertação da energia pulsional

02 - Ego: Instância que se constitui diferenciando-se do id no primeiro ano de vida. A sua energia vem-lhe das pulsões do id tem preocupações lógicas, de espaço e de tempo, assim como de coerência entre a força do id e os constrangimentos da realidade.
O ego opõe-se a certos desejos do id, a sua actividade é sobretudo consciente, embora uma parte seja inconsciente, como os mecanismos de defesa do ego.

03 - Superego: Instância formada a partir de uma parte do ego. Constituído pela interiorização das imagens idealizadas dos pais e das regras sociais. Base da consciência moral – Princípio do Dever. É hipermoral,  o superego age sobre o ego, filtra os conflitos id/ego, decide sobre o destino das pulsões e a sua actividade é predominantemente inconsciente.

Da interacção dinâmica das três instâncias resulta o comportamento, sendo nessa interacção, inevitável a criação de CONFLITO.

A maneira como esses conflitos são resolvidos, vai orientar os comportamentos e influenciar as atitudes do indivíduo, sem que ele se aperceba, conscientemente, disso.  Uma solução realista, que determina o comportamento mais eficaz a adoptar, resulta de um ego forte, capaz de decidir entre as exigências do id e do superego. No entanto, esta situação é pouco frequente.

Conflito Id vs. Superego Frustração (Id) Tensão (Ego) “Escape”: Comportamento agressivo Álcool/Drogas Mecanismos de defesa do Ego ( Mecanismos de defesa do Ego (contenção das pulsões)Ha bitualmente: Pressão (Superego)

Mecanismos de defesa do Ego. Estratégias inconscientes que os indivíduos “encontram” para resolver as situações conflituosas que resultam da oposição, ao nível intrapsíquico, das energias ligadas ao impulso de vida e de morte (Eros/Thanatos). Situação que ocorre a partir do momento em que o superego se constitui e passa a impor ao id as regras e normas sociais, criando assim, um obstáculo intrínseco à satisfação das pulsões do Id.

Durante o desenvolvimento psicossexual, a criança passará por cinco fases ou estádios, estando a quatro delas, associada uma zona erógena ligada a determinadas sensações de prazer. O controlo destas sensações origina conflitos cuja resolução influencia a formação da personalidade adulta. Um conflito mal resolvido, numa qualquer etapa do desenvolvimento, pode desencadear um processo de fixação. Desenvolvimento psicossexual.

Estádio Oral
- 0 a 12/18 meses = Aparelho psíquico constituído por Id e Ego 
- Zona erógena: boca e lábios, prazer ligado ao chupar e, mais tarde, ao morder. 
Importância das relações mãe/bebé.
Conflito: Desmame - Fixação: comportamentos de gratificação oral como comer, beber, beijar, fumar.

Estádio Anal
- 18 meses a  2/3 anos =Aparelho psíquico constituído por Id e Ego 
- Zona erógena: região anal, função de expulsar e reter as fezes e a urina.
Conflito: cedência/oposição às regras de higiene (ambivalência de sentimentos).

Estádio Fálico
- 3 a 5/6 anos = Aparelho psíquico constituído por Id, Ego e Superego 
- As zonas erógenas são as genitais , interesse pelas diferenças anatómicas e sexuais entre os sexos. Conflito: Complexo de Édipo/Electra.

Estádio de Latência
- 5/6 anos – puberdade: Aparelho psíquico constituído por Id, Ego e Superego.
Energia da libido canalizada para actividades sociais. 
Mecanismos de defesa do ego. Amnésia da sexualidade infantil.

Estádio Genital
- A partir da puberdade: Aparelho psíquico constituído por Id, Ego e Superego 
Novas pulsões.  Prevalência de uma sexualidade genital. Reactivação do complexo de Édipo.

Mecanismos de Defesa do Ego
Mecanismos de defesa de eu: estratégias inconscientes de resolução dos conflitos internos. são características da: Negação, falsificação ou distorção da realidade; operam inconscientemente; visam diminuir da ansiedade.

Recalcamento Pulsões impedidas de sair para o exterior e ficam retidas no id até conseguirem passar as barreiras do superego ex: dificuldade em lembrar situações traumáticas

Regressão Retoma de comportamentos próprios da infância ligada a frustrações e conflitos infantis não resolvidos ou mal ultrapassados ex: criança que começa a chupar no dedo após o nascimento de um irmão

Racionalização Procura da justificação racional de comportamentos anormais ou não admitidos socialmente ex: pai que bate no filho, convencido que o que faz “para o seu próprio bem”

Projecção Projecção das características próprias nos outros ex: “ Eu desejo-te”, torna-se “Tu desejas-me”

Deslocamento Substituição do objecto de pulsão por outro socialmente aceite ex: criança que destrói os seus brinquedos, quando proibida pela mãe de ir brincar com os amigos

Formação reactiva Reacção contrária à vontade original que seja melhor aceite socialmente ex: a jovem ciumenta que detestava a irmã e que foi castigada por actos de hostilidade, nutre pela irmã um amor e ternura exagerados

Sublimação Substituição do objecto de natureza sexual ou outra por outros objectos socialmente aceites ex: praticar actividades desportivas que implicam força, para suprimir uma pulsão agressiva

Compensação Meio de superar situações de inferioridade ex: individuo com limitações locomotoras que se dedica à investigação científica, à actividade literária, à pintura, conseguindo assim auto- -afirmar-se

Negação Tentativa de não aceitar algum facto que perturba o Ego Ex: paciente recorda-se de um acontecimento na forma vivida, depois mais tarde pode lembrar-se do incidente de maneira diferente

Identificação Assimilação de uma característica de outra pessoa acompanhada de transformação total ou parcial de acordo com o modelo ex: criança que vive o complexo de Édipo tenta imitar e identificar-se com o pai

Punição Necessidade de “pagar pelo erro”, imediatamente ou a longo prazo (ex: auto-agressão de forma violenta quando algo corre mal para se sentir melhor)

Isolamento Isolamento de um comportamento ou pensamento de tal maneira que as ligações com os outros pensamentos ou com auto-conhecimento ficam absolutamente interrompidas ex: pausas no decurso do pensamento

Fantasia Concepção de uma situação que satisfaz uma necessidade ou desejo que não pode, na “vida real”, ser satisfeito Apresenta-se sob a forma de: fantasias conscientes ou sonhos diurnos; fantasias inconscientes como as que a análise revela, como estruturas subjacentes a um conteúdo manifesto; fantasias originais

Mecanismos de defesa do Homem perante a Doença
DOENÇA = agressão psicológica e somática.  Homem tenta MANTER A SUA INTEGRIDADE através de três MECANISMOS

Regressão útil durante o tempo necessário à administração dos cuidados urgentes, mas se persiste para além do período agudo impede o rápido restabelecimento, podendo conduzir à hipocondria ou a uma neurose de Renda

Formação reaccional agressiva O doente projecta no médico, na equipa de enfermagem e nos familiares a causa da sua doença e reage agressividade

Negação da realidade ou fantasia O doente descreve a sua doença como se se tratasse de outra pessoa

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